sábado, 1 de julho de 2017

Um ano do meu bebê arco-íris

De todos os clichés sobre a maternidade: “curta cada momento que o tempo passa muito rápido” é o mais válido de todos. Na verdade eu amo clichés, como a maioria dos jornalistas.  Porque, na maioria das vezes, eles confirmam que aquilo que sentimos já foi vivido por outro coração. Nas últimas semanas Sophia começou a andar. E ver minha bebezinha (ainda é, né?) dar os primeiros passos na véspera de completar um ano foi instigante. Um filme passou em minha cabeça. Um enredo de nove meses repleto de alegrias, mas também de medo.  Meses que eu vivia um luto e uma nova vida. E neste filme a cena principal aconteceu no dia 1º de julho de 2016, com as primeiras contrações. Quanto amor teve naquele parto. Tudo planejado para um parto normal, mas sem o poder do controle, veio por uma cesariana. E o primeiro a aparecer naquela cena foi o pezinho. E depois um choro suave de bebê e de todos os envolvidos naquela cena. E a atriz principal queria mesmo era mamar. Mamou ali mesmo na mesa de cirurgia. E teve os primeiros meses de descoberta. Uma mãe exausta, noites sem dormir. Uma enxurrada de leite. Um bebê que trocava o dia pela noite. E teve virose aos 28 dias e uma mãe sem saber o que fazer. A mente edita olheiras, as dificuldades íntimas do puerpério. E foca no primeiro sorriso, no cheirinho, nas sonecas abraçadinhas; revive a tentativa do bebê de virar sozinho na cama, de engatinhar. Teve praia, viagem. Os dentinhos.  As primeiras palavras: “mama”, “papa” e “sete”. E crescimento. Nossa como teve. Da Sophia, da mamãe, do papai e de uma família. Meu tão esperado sonho. Sophia veio colorir meu mundo de rosa, azul, verde, vermelho...Eu choro dia sim, outro também olhando pra ela, agradecendo por sua vida. E entendo a cada dia que a mãe possível é melhor que a idealizada. E que educar é uma questão de profundidade. O que eu possa dizer no seu primeiro aniversário Filha? Que o amor não é cliché. O amor é tudo que temos. Você é meu arco-íris, minha chuva de amor. Obrigada por ter escolhido vir nesta família, obrigada por me ensinar tanto. Eu sempre quis ser feliz assim. Eu sonhei muito com este momento e sou grata, muito, muito, muito, muito grata a Deus pela oportunidade do nosso encontro, reencontro.



quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Relato de parto: 1ª parte

"Um arco-íris é um fenômeno óptico e meteorológico que separa a luz do sol em seu espectro (aproximadamente) contínuo quando o sol brilha sobre gotas de chuva"....Descobri que estava grávida do meu segundo filho uma semana antes do meu aniversário, em novembro de 2015. A sensação ao ver o resultado foi como se alguém estivesse me enviando um grande presente: o meu rainbow babies, ou melhor,  meu bebê arco-íris.  O termo se refere aos bebês que nasceram após suas mães enfrentarem a perda de outro filho. Assim, descobrimos que um novo ser habitava em mim quatro meses depois da perda do Samuel, meu primeiro filho. Ele partira no dia 9 de junho de 2015, devido a uma malformação descoberta com 16 semanas de gravidez. Vivera por 33 semanas em minha barriga e 35 minutos em meus braços. Nasceu de parto normal numa linda terça-feira de inverno. Sua partida foi marcada por grande dor, mas também de um amor absurdo que me transformou em uma pessoa muito melhor. Voltando a nova gestação, inicialmente, ela estava repleta de medos, angustias, mas também de uma vontade de viver tudo aquilo que não foi possível com o Samuca. E para que tudo fosse realmente diferente a primeira decisão a ser tomada era a escolha do obstetra que iria me acompanhar na gestação. A última experiência me marcou negativamente e tudo que eu queria era alguém que me acolhesse e que cuidasse verdadeiramente de mim e do meu filho. 
Ao frequentar o grupo Por que partiu tão cedo? ouvi falar do médico Renato Janone que havia acompanhado duas amigas que passaram também por uma perda, uma delas, inclusive, havia tido um filho com o mesmo "problema" que o meu. Assim, quando descobri que estava grávida não pensei em outra pessoa. Precisava conhecer aquele médico. E foi assim que iniciei o pré-natal com o Doutor Janone, do Núcleo bem nascer. A cada consulta, a cada watsapp respondido eu me "apaixonava" por ele. Nunca vou esquecer quantos vezes ele repetiu a frase "Cada gravidez é uma história", frase que me tranquilizava e acalmava meu coração, as vezes medroso, as vezes angustiado. Renato foi de um carinho, profissionalismo e atenção, que nunca serei capaz de retribuir e agradecer...Ele está em minhas preces diariamente. Além dele, assim que descobri que estava grávida também decidi que queria ser acompanhada por uma doula, Rosana Cupertino. Um anjo de pessoa que eu havia conhecido pelo telefone na última gestação e que eu queria que estivesse ao meu lado, no momento mais importante da minha vida. Rosana me acompanhou também durante todos os nove meses. Respondeu minhas dúvidas, me indicou livros e filmes, asserenou meu coração, além de estar ao meu lado, no nascimento.
No dia 30 de junho de 2016 uma quinta-feira., eu com 38 semanas e três dias, acordei e fui trabalhar, era um dia normal. A expectativa e que Sophia só chegaria daqui duas semanas. Na terça havia tido consulta com o Doutor Renato e parecia que ainda estava longe. Dois fatos curiosos naquele dia me chamam atenção hoje ao relembrar aquela véspera.  O primeiro foi o fato do marido aparecer no trabalho a tarde comentar em tom de brincadeira que ele estava sentindo que Sophia estava próxima. 


2016: um ano incrivel


Foi um ano incrível!
Teve medo, teve.
MAs também teve cuidado e carinho: do meu médico, da minha doula, da minha terapeuta, da minha mãe, da minha madrinha, dos amigos do trabalho, do marido, da minha família, das minas amigas...
Foi tanto cuidado e carinho.
Foram nove meses sem ansiedade, curtindo cada minuto.
A cada escuta da batida do coração.
A cada chutinho e chutão.
Enjôo, azia, cansaço...
O crescimento do barrigão.
Chá de fraldas, enxoval, quartinho do bebê.
Rimos da dengue e do mal estar.
Choramos a cada ultrassom e cada fala "está tudo bem com o bebê"
E nasceu nosso sonho, rodeado de amor e carinho.
E as noites em claro não teve reclamação.
Teve choro de gratidão, choro de cansaço, choro de saudade do Samuca. choro, choro.
E teve amor, daqueles que transbordam, daqueles que te sufocam.
E trouxe alegria, sorrisos, gargalhadas...
Meu tão esperado sonho.
Sophia veio colorir meu mundo de rosa, azul, verde, vermelho...
Transformando dor em alegria.
Eu choro dia sim, outro também olhando pra ela, agradecendo por sua vida e lembrando do Samuca.

domingo, 31 de julho de 2016

Meu bebê arco-íris

Mudei meu conceito ao londo do tempo sobre tempestades. Sempre vi a tempestade como algo apenas ruim. Até ficar grávida da Sophia e chamá-la de bebê arco-íris. O conceito de bebê arco - íris está relacionado a um filho que vem depois de uma tempestade. Afinal, o fenômeno composto de sete cores da natureza só acontece depois de uma chuva, na verdade do encontro entro o sol e a chuva. E depois de tudo que vivi, não poderia chamar a morte do Samuel, simplesmente, como uma tempestade. Mas ao ao longo do tempo fui entendendo melhor o conceito de tempestade...tempestade é algo forte, intenso, com muita chuva, geralmente, com transtornos também, como inundações, enchentes, desastres e perdas. Mas a tempestade também traz consigo limpezas, renovações, solidariedade e empatia. E mais do que isso: ela ensina muito. Ela te ensina sobre o supérfluo e o necessário para a vida, sobre os verdadeiros amigos e até aqueles que você achava que eram simplesmente conhecidos, te ensina sobre o a dor, sobre seus limites e sobre o amor, por você, pelo outro, pela vida...não é por acaso que nosso grande mestre nos ensinou sobre a Fé através de uma passagem em meio a tempestade.

Meu bebê arco-íris

Mudei meu conceito ao londo do tempo sobre tempestades. Sempre vi a tempestade como algo apenas ruim. Até ficar grávida da Sophia e chamá-la de bebê arco-íris. O conceito de bebê arco - íris está relacionado a um filho que vem depois de uma tempestade. Afinal, o fenômeno composto de sete cores da natureza só acontece depois de uma chuva, na verdade do encontro entro o sol e a chuva. E depois de tudo que vivi, não poderia chamar a morte do Samuel, simplesmente, como uma tempestade. Mas ao ao longo do tempo fui entendendo melhor o conceito de tempestade...tempestade é algo forte, intenso, com muita chuva, geralmente, com transtornos também, como inundações, enchentes, desastres e perdas. Mas a tempestade também traz consigo limpezas, renovações, solidariedade e empatia. E mais do que isso: ela ensina muito. Ela te ensina sobre o supérfluo e o necessário para a vida, sobre os verdadeiros amigos e até aqueles que você achava que eram simplesmente conhecidos, te ensina sobre o a dor, sobre seus limites e sobre o amor, por você, pelo outro, pela vida...não é por acaso que nosso grande mestre nos ensinou sobre a Fé através de uma passagem em meio a tempestade.

Um mês da Sophia

Um mês. E eu que achava estranho quando os pais comemoravam o mesversários dos filhos. Confesso: estou aqui pagando língua: vai ter bolo, parabéns e agradecimento(rsrsrs). Porque de verdade acho que ainda vou fazer muito isso ao longo da vida e, principalmente, na criação da Sophia: mudar de ideia, rever teorias e crenças. Afinal, na prática a teoria é outra, né? Neste um mês eu aprendi tanta coisa, vivi momentos maravilhosos e me tornei uma pessoa muitoooo melhor. Mas nem tudo são conto de fadas, viu? Nunca é! Também teve momentos de cansaço absurdo, afinal, há trinta dias que não sei o que é dormir mais de duas horas seguidas...Hoje completa um mês daquela madrugada linda, das contrações que me diziam que era a chegada a hora. Também completa um mês do dia que aceitei novamente que não temos controle de nada e que não seria do jeito que eu queria e sonhava (o parto normal).... E, hoje, posso dizer que foi muito melhor do que eu imaginei. Afirmo com toda convicção que eu tive um parto muitoooooooo respeitoso. Teve música, luz baixa, cordão umbilical cortado na hora certa, amamentação minutos depois e carinho, muito carinho. Tudo isso porque eu tive a melhor equipe do mundo. O melhor obstetra do universo, a melhor doula da vida...além de estar acompanhada pelas pessoas que mais amo nesta vida. Quem disse que existe um melhor tipo de parto? O melhor parto é aquele em que tanto a mãe quanto o bebê são submetidos às melhores condições possíveis...O melhor parto é aquele que prioriza a mãe e o bebê. E, eu posso dizer isso, porque tive a experiência do parto normal e da cesariana. 
Sophia nasceu de cesariana, rodeada de carinho e profissionalismo.  E eu só tenho que agradecer a Deus, a minha família, ao Núcleo Bem Nascer, a Rosana, e ao Doutor Renato. Janone obrigada por me dizer durante todo o meu pré-natal que “cada gravidez é uma história”, obrigada pela paciência e, obrigada, muito obrigada, por seu cuidado. Já te disse isso e volto a dizer: serei eternamente grata. 

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Um ano


 
9 de junho de 2015: seu nascimento.
9 de junho de 2015: sua morte.
9 de junho de 2015: minha morte.
9 de junho de 2015: meu REnascimento.
Obrigada filho. De verdade, obrigada!
Você me fez e refez uma pessoa muito melhor.
Ainda sinto seu cheiro, ainda fecho os olhos e vejo seu olhinhos, seus suspiro e sua luta para viver por apenas alguns minutos e cumprir o meu maior pedido ao Pai: te reencontrar em meus braços!
- “Ei amor da mamãe, eu te amo tantoooooo. A cura que eu quero para você é espiritual. Eu prometo nunca te esquecer e prometo, do fundo da minha alma, que vamos nos reencontrar novamente”.
Hoje, um ano depois, minhas palavras mudaram um pouco, pois compreendi, que a cura que eu tanto desejava e suplicava durante a gestação, não era direcionada a você, era para mim. E ela continua acontecendo...
Como diz aquela música do Pieroni: “Reascender a esperança no ser. O amor no sentimento.
Cada lágrima que brota, cada dor que nos tortura. São momentos sublimes de amor
. De poder saudar nossa dívida com o criador.
Renovar nossa vida é preciso; renovar é somente amar...
A morte chega feito aurora renovando como outrora. Pois o espírito na morte se renova...”
 
Te amo filho, eternamente.
Sou grata, muito grata, mais que grata...pela nossa história, que não acabou...
Beijo da mamãe, do Papai e da Sophia!